A abrangência das consequências da Covid-19 ainda está sendo estudadas. Na manifestação “clássica” da doença, o processo inflamatório exacerbado desencadeado pelo novo coronavírus em pessoas não vacinadas, afeta principalmente pulmões e rins e pode deixar sequelas permanentes.
Entretanto, a cada nova variante o vírus vai se especializando e se mostrando diferente na capacidade de transmissão e sintomatologia. A variante Ômicrom é um exemplo. É mais transmissível que as demais e, nos vacinados, pode desencadear sintomas leves como dor de cabeça, febre, cansaço, dor de garganta, ou ser assintomática. Contudo, mesmo os casos leves de covid-19 podem causar problemas de saúde persistentes, a chamada Covid Longa ou síndrome pós-aguda Covid-19 (Pacs, sigla em inglês), uma condição em que os sintomas debilitantes da doença podem persistir por muitos meses.
Estudo realizado em Zurique (Suíça), publicado na revista Nature Communications em 25/01/22, observou uma “assinatura de anticorpos” ou seja, uma maior frequência de níveis baixos de certos anticorpos em pacientes que desenvolveram covid longa e que tinham em comum fatores combinados como idade e diagnóstico de asma. Os pesquisadores acompanharam 134 pacientes com Covid por até um ano após a infecção inicial e descobriram que aqueles que desenvolveram Covid longa tendiam a ter baixos níveis de IgM e de IgG3, diferentemente do esperado. O IgM é o primeiro anticorpo liberado quando um agente infeccioso ou uma toxina ataca nosso organismo, apresentando um aumento rápido de seus níveis no sangue, ao passo que os anticorpos IgG só aumentam mais tarde, fornecendo proteção a longo prazo.
Os resultados do estudo podem auxiliar na identificação de pessoas com maior risco de desenvolver Covid-19 longa. E, embora não seja possível prever o risco de uma pessoa ter covid longa antes de ela ser infectada, a combinação de baixos níveis de anticorpos específicos com asma pode indicar um risco maior.
Em crianças e adolescentes, a Covid também pode ter sintomas persistentes. Estudo realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que quatro em cada dez crianças e adolescentes que tiveram Covid-19 sintomática, continuaram sofrendo efeitos prolongados da doença por doze semanas após a infecção.
Os sintomas mais frequentemente observados foram:
cefaleia (19%);
cansaço (9%);
dispneia (8%);
dificuldade de concentração (4%).
Muitos ainda relataram dores musculares e nas articulações e má qualidade do sono.
Ao identificar precocemente sintomas potencialmente associados à Covid-19 Longa, profissionais podem contribuir na redução do sofrimento de pessoas afetadas pela doença e da demanda por atendimento, evitando buscas recorrentes aos serviços de saúde.
O curso “Covid-19 e a assistência de Enfermagem nas doenças emergentes”, da Cognitivaeduca, tem por objetivo atualizar enfermeiros nos protocolos assistenciais direcionados ao paciente sintomático de Covid-19, tanto no período de internação, na reabilitação pós-Covid e na identificação de sinais e sintomas da Covid Longa.
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